A presença de aves pelágicas na costa de São Paulo é influenciada pela distância da borda da plataforma continental (mais de 200 km) e pela dinâmica da Corrente do Brasil (a “água azul” quente e de maior salinidade) e da Corrente das Falklands (fria, com mais nutrientes).
A maior parte das aves pelágicas de nossa região é proveniente de ilhas subantárticas como as Falklands, Georgia do Sul, Gough, Innaccessible, Tristan da Cunha, etc, e da Patagônia. Isso torna o inverno (maio-setembro) a estação onde é mais provável observar espécies como o Albatroz-de-nariz-amarelo, Albatroz-de-sobrancelha, Mandrião-chileno, Petrel-gigante-do-sul, Pardela-preta, Pinguim-de-magalhães, etc. Também podem ser observadas algumas espécies que migram entre o Atlântico Sul e o Norte, como Alma-de-mestre, Mandrião-do-sul e Bobo-escuro.
Os melhores anos são aqueles em que uma língua de água fria vinda da Patagônia cobre a plataforma continental até São Paulo. Nessas ocasiões, como em 2016, centenas de albatrozes podem ser vistos bem próximo à costa.
Em águas mais profundos e distantes da costa (a partir da isóbata de 100 m) é mais provável encontrar espécies como Pardela-de-óculos, Pomba-do-cabo, Grazina-de-barriga-mole e Grazina-mole. Raridades regionais como os faigões e os grandes albatrozes (Tristão, Errante, Real) são mais prováveis nestas águas.
Os meses intermediários (abril-maio e outubro-novembro) têm a passagem de migrantes que transitam entre o Atlântico Norte e o Sul, como Alma-de-mestre, Mandrião-do-sul, Bobo-pequeno, Bobo-grande-de-sobre-branco, Mandrião-pomarino, Bobo-grande, etc. Ainda sabemos pouco sobre o melhor momento para observa-las.
Durante o verão (dezembro-março) a presença de pelágicas em águas próximas à costa diminui bastante mas espécies como o Albatroz-de-nariz-amarelo e migrantes como Bobo-pequeno e Bobo-grande-de-sobre-escuro são possíveis. Nessa época as águas mais afastadas da costa são mais produtivas para aves.
Autor: Fábio Olmos